Dúvida é um substantivo que indica um estado de hesitação ou incerteza diante de uma questão dada. O termo acomete a qualquer um que não sabe o que é melhor a fazer em alguma situação.
Contudo, dúvida pode expressar também um estado de ignorância diante de uma questão que não necessariamente exige uma ação, mas que sobre a qual é difícil de se ter uma definição e, neste sentido, a dúvida pode ser identificada com o ceticismo ou mesmo com a suspeita.
Sair do estado de dúvida exige reflexão, pesquisa, observação, raciocínio lógico, estudo e, em muitos casos, pode ser difícil abandoná-la. Uma dúvida sobre que sabor de pizza escolher é bem mais simples do que a dúvida sobre qual deverá ser o destino das férias ou sobre se determinada pessoa é aquela com que devo casar, e todas essas são menos complexas do que as dúvidas que rondam a mente dos cientistas sobre o funcionamento das menores partículas da matérias ou a formação das galáxias.
Para se precaver diante de possíveis dúvidas futuras, diante de algum fato ou ato, tomamos algumas medidas, e nessas situações, usamos a expressão por via das dúvidas, ou seja, sabendo que determinado incomodo pode acontecer, como chover, por exemplo, por via das dúvidas, levo um guarda-chuva comigo.
Temos ainda na língua portuguesa uma expressão bastante comum sem dúvidas. Essa é uma locução adverbial que expressamos sempre quando algo nos parece absolutamente certo para corroborar com afirmações.
Dúvida e Duvida
Dúvida e duvida são palavras parônimas, ou seja, pertencem ao grupo de palavras da língua portuguesa que tem grafia semelhante mas significados diferentes, apesar de aqui os seus significados estarem relacionados.
“Dúvida” é o sentimento ou estado de incerteza, de ausência de convicção a respeito de algo, já “duvida” é a terceira pessoa do presente do indicativo do verbo duvidar. Por exemplo: “Você não duvida mais das intenções de Margarete, mas eu ainda mantenho minha dúvida”.
Dúvida Metódica e Hiperbólica
A dúvida sempre foi tida como uma das bases do pensamento filosófico, pois é a partir da dúvida e dos questionamentos que ela suscita que vão começar a surgir reflexões e respostas que vão pouco a pouco constituir-se no que hoje conhecemos como filosofia. E mesmo hoje, qualquer questionamento filosófico ou pesquisa científica parte de alguma dúvida.
Contudo, Rene Descartes, ao invés de partir da dúvida e se limitar a buscar respostas a partir dela para a construção de sua filosófica, fez dela o seu método, criando o conceito de dúvida metódica. Esse conceito foi expresso pela primeira vez em seu livro O Discurso do Método de 1637. Nele, ele propõe que para encontrarmos a verdade temos que duvidar de qualquer coisa que deixe um mínimo de incerteza. Com esse método, ele chegou em sua célebre conclusão “penso, logo existo”. Para Descartes, não se pode duvidar disso, se alguém pensa é porque de fato algo existente o faz. Ele dizia que em relação a essa afirmação não restam dúvidas. Por criar um método em que se exagerava o papel da dúvida, esse método ficou conhecido também como dúvida hiperbólica.