Kuarup é um tipo de madeira, que também dá nome a um ritual dos índios da região do Xingu no Brasil, que tinha o intuito de trazer os mortos de volta à vida.
O ritual de originou com o Pajé Mawutsinin, considerado o criador dos homens pelos Xinguanos. Certa vez ele entrou no mato e cortou três troncos de kuarup abençoados por Anubis, levou-os para aldeia, fincou-os no chão e os adornou com colares e penas.
Mawutzinin queria trazer os mortos de volta à vida, e para transformar os troncos em pessoas, chamou duas cutias e dois sapos cururu para cantarem com ele em um ritual.
Como todos os demais índios desejavam o mesmo, eles se pintaram e se uniram à cantoria. Gradualmente, os troncos foram se transformando em gente, e quando a transformação estava quase completa, Mawutzinin se adiantou e pediu que fizessem uma festa para comemorar, mas aqueles que tivessem tido relações sexuais na noite anterior não poderiam participar.
Apenas um índio não teve permissão para sair por esse motivo, mas ele não se aguentou de curiosidade e quis espiar o que acontecia, o que quebrou o encanto e fez os troncos voltarem à sua forma original.
Hoje em dia, o ritual continua sendo feito pela tribo para relembrar o tempo em que Mawutzinin vivia na Terra e ele acontece uma vez por ano durante dois dias, no Parque Indígena do Alto Xingu.
Nesse ritual participam índios de outras aldeias e o tronco de kuarup é fincado no chão, pintado e decorado. Há cantorias, danças, são distribuídos peixes e bijus e durante a noite as carpideiras entram em ação. As carpideiras são mulheres que têm a função de chorar para um defunto, e nesse ritual, elas o fazem até o amanhecer do dia seguinte.
Esse ritual é considerado uma cerimônia de despedida, onde os índios choram pela última vez por aqueles que já se foram.