Alteridade

Alteridade é uma palavra que tem origem no latim, com a junção de “alter” (o outro) com o sufixo “tatis” (dade), que é o elemento usado para formar substantivos abstratos a partir de adjetivos.

O que é Alteridade?

O termo alteridade faz parte de matérias como a filosofia e a antropologia, referindo-se à qualidade ou o estado do que é outro, ou seja, de alguém que é diferente.

Segundo o conceito aplicado ao estudo da alteridade, trata-se de um dos princípios fundamentais na relação de interação e dependência de um homem com o outro, na sua vertente social. Assim, o “eu”, em sua forma individual, só tem razão de existir através do contato com o “outro”, ou com o coletivo, com a sociedade que o rodeia.

O que podemos depreender é que os dois sentidos criados pela alteridade são interdependentes, com a relação de sociabilidade e a diferença entre o indivíduo em conjunto e o indivíduo em sua essência, como unidade, mostrando a lógica de que, para existir uma individualidade, é necessário que exista o coletivo.

O homem, assim, apenas existe a partir da existência de outro homem, da visão que o outro tenha de si, o que permite à unidade compreender o mundo partindo de um olhar diferenciado, olhando-se também de forma diferente devido à sensibilidade criada pela experiência do contato com o outro ou com o coletivo.

Dentro do conceito estabelecido pela alteridade, uma cultura não tem sentido de existir se destruir outra cultura, já que um indivíduo precisa se colocar no lugar do outro, na relação baseada em diálogo e, principalmente, no conjunto de diferenças existentes entre essas culturas, que devem ser valorizadas e não exterminadas.

Alteridade na Filosofia

Nos estudos filosóficos podemos considerar a alteridade como o antônimo de identidade. Conforme foi discutido por Platão em sua obra “Sofista”, a alteridade é um dos cinco gêneros suspensos, onde o ser não pode ser visto como identidade, só sendo plausível na multiplicidade das ideias, onde existe uma relação recíproca com o coletivo, a relação de alteridade recíproca.

Hegel também discutiu a alteridade com sua lógica, afirmando que um ser individual, determinado qualitativamente, a que chamou o “qualquer coisa”, deve estar em relação de negatividade com o outro, havendo uma limitação nesse relacionamento. No entanto, essa limitação está destinada a ser alterada constantemente, melhorando e mudando as próprias qualidades, da mesma forma que acontece às substâncias materiais, quando colocadas em processos químicos.

O tema alteridade também foi estudado e discutido por Tzvetan Todorov em seu livro “A Conquista da América”. O livro aborda o contexto do descobrimento e da conquista da América, logo depois do primeiro centenário da viagem de Cristóvão Colombo, no século XVI, e suas alterações criadas com as civilizações já existentes no Novo Mundo.

O termo alteridade também é discussão no existencialismo do século XX, embora os significados não sejam equivalentes aos anteriormente estudados.

Alteridade na Antropologia

A Antropologia é uma ciência cujo objetivo é o estudo do Homem na sua essência e na sua plenitude, abarcando também os fenômenos sociais que o envolvem em sua sociedade.

O objetivo da Antropologia é exatamente voltar-se para esse estudo, buscando entender a complexidade do homem e de suas culturas. Em vista disso, a alteridade ocupa um papel essencial na ciência, uma vez que ela vai destacar as diferenças e as semelhanças entre o relacionamento de um homem com o outro e de uma cultura com a outra.