Comunismo

Comunismo é um fundamento social que visa o restabelecimento do “estado natural”, cujos indivíduos passariam a ter direitos iguais, por meio da extinção da propriedade privada. Durante os séculos XIX e XX, o termo comunismo foi utilizado para classificar uma atividade política. A palavra comunismo se origina no latim como comunis que tem como significado o termo “comum”.

Para entender o que é comunismo, é importante ter em mente algumas de suas características. Nesse sistema político, os meios de produção devem ser socializados, isto é, passam a pertencer a todos, configurando o fim da propriedade privada, cuja propriedade passa a ter interesse coletivo e deve servir ao cumprimento de uma função.

Além disso, tudo que é produzido deve ser dividido entre todas as pessoas que fazem parte da sociedade. Ainda sobre a produção, esta deverá ser suficiente somente para a manutenção da sociedade, abolindo o acúmulo de produção e de capital. Como se vê, o significado de Comunismo está relacionado com uma administração mais coletiva e central das propriedades e das riquezas, tendo como foco o bem-estar de todos, o que faz com que os esforços e recursos sejam destinados a dar as condições básicas de vida para toda a população.

Como o comunismo surgiu?

Seu conceito surgiu na Grécia Antiga, a partir de teorias de Estado dos chamados sofistas, além da obra “República”, de Platão, pois naquela época já se falava quanto à constituição de uma sociedade cujas classes sociais não mais existiriam no futuro. Porém, o comunismo ganhou severos críticos já naquele tempo, entre eles o filósofo Aristóteles.

Porém, historiadores afirmam que o comunismo, sob a forma de comunismo primitivo, era a forma de vida que existia desde a Pré-História. Durante a formação das primeiras tribos, as propriedades eram divididas por todos, assim como os meios de produção e de distribuição. O comunismo primitivo acabou ajudando no desenvolvimento da sociedade humana, criou laços na comunidade e contribuiu para a sobrevivência do homem. O comunitarismo cristão durante a Igreja Primitiva, como está no livro de Atos dos Apóstolos, na Bíblia, também costuma ser visto como uma forma de comunismo, por ter princípios semelhantes, como o desinteresse pelos bens materiais e o amor profundo pelo próximo.

O conceito se manteve presente em vários movimentos sectários, caso de Thomas Münzer e dos anabatistas, em doutrinas rigorosas da América do Norte nos séculos XVII e XVII, porém, com regulamentação pública, o que ia de encontro ao pensamento dos cristãos.

Dessa forma, o Comunismo começou a se basear principalmente como uma filosofia de tutela do Estado. Com isso, ela acabou reaparecendo com mais intensidade nas políticas utópicas dos séculos XVI e XVII.

Mas o grande salto do movimento comunista se deu no começo do século XIX e tem relação com a Revolução Industrial. Os abusos cometidos pelo capitalismo e pelo liberalismo econômico e pela forte mudança na economia fizeram crescer uma onda de críticas e protestos que, em sua maioria, se alinhava com ideias comunistas.

O que a doutrina comunista defende?

O comunismo defende que as condições de vida (em especial as econômicas) do homem determinam a sua consciência. Além disso, a doutrina comunista destaca que o desenvolvimento da capacidade de produção, graças às ciências e também à técnica, leva consequentemente a uma evolução em que a sociedade escravagista daria lugar à sociedade feudal e, por conseguinte, esta cederia espaço à burguesia, que, ao término, daria lugar a uma sociedade socialista.

O comunismo e a luta de classes

Conforme essa doutrina, o ponto final da luta de classes é aquele em que se enfrentam a burguesia e a classe operária. Esse embate levaria ao cabo a sociedade burguesa, ao desaparecimento das classes e à sua substituição para uma sociedade comunista ou mesmo socialista. Com o fim da separação da sociedade em classes sociais, estaria de volta o “estado natural” almejado pelos defensores dessa doutrina.

De acordo com a teoria comunista, essa luta ocorreria em âmbito internacional. Uma curiosidade interessante é que os laços de classe deveriam superar as ligações nacionais dentro do comunismo. Assim, a classe operária de um país teria mais responsabilidade em relação à classe operária de outra nação do que com os seus próprios conterrâneos. Por isso, os comunistas são considerados internacionalistas, pois para eles não haveria fronteiras e sim uma única sociedade mundial, igualitária e fraterna, sem divisão de classes, países e outros grilhões.

Diferenças entre comunismo e socialismo

Em muitas ocasiões, as expressões socialismo e comunismo são imaginadas como sinônimos, porém, isso é um equívoco. Ao mesmo tempo, os dois termos representam ideologias semelhantes, pois acabam canalizando os protestos e se colocando como alternativa ao capitalismo. Além disso, capitalismo e comunismo, por exemplo, são coisas completamente diferentes, pois, enquanto um prega a propriedade privada da terra, o outro defende o uso coletivo da propriedade par ao bem-estar de todos.

Vários autores do comunismo detalham o socialismo como uma etapa necessária para se alcançar o comunismo, em que a sociedade se organizaria de maneira distinta, as classes sociais seriam eliminadas, assim como o Estado opressor.

A maneira de atuação do comunismo e do socialismo também é distinta. No caso do socialismo está prevista uma modificação gradual da sociedade e um afastamento do capitalismo. Já no comunismo a transformação seria mais rápida, brusca e violenta, até mesmo com o advento da luta armada como método. O socialismo pode prever uma maior participação do Estado no comando do interesse coletivo da sociedade, enquanto que no comunismo o que se prevê é o fim do poder por parte do Estado, sendo que a sociedade passaria a ser gerida pelos próprios trabalhadores.

Símbolos do comunismo

Os símbolos mais conhecidos do comunismo são a foice, o martelo e a estrela de cinco pontas. A foice simboliza os trabalhadores do campo, enquanto que o martelo tem como significado os trabalhadores das indústrias. Já a estrela pode representar os cinco continentes. Porém, de acordo com outra teoria, essa estrela diz respeito aos grupos que compõem a sociedade comunista: trabalhadores do campo, operários, exército, jovens e intelectuais.

Há também o fundo vermelho da bandeira que é muito usado na simbologia comunista e está conectado à ideia de revolução do comunismo. Vários países comunistas assumiram esses símbolos em suas bandeiras, de forma oficial. Entre eles temos a China, o Vietnã, a Coreia do Norte e a Angola.

O comunismo moderno

É representado em teoria por meio do marxismo e, posteriormente, pelo marxismo-leninismo, além do maoísmo marxista. Essa doutrina tem como fundamento a igualdade da maioria.

Conforme Karl Marx e Friedrich Engels, autores do livro Manifesto do Partido Comunista, de 1848, o comunismo julga a história, desde tempos antigos, como a continuidade de lutas de classes trabalhadoras e sem posses com as classes exploradoras. Neste caso, as classes que exploram trabalham pouco (ou não trabalham), porém, detém os meios de produção.

Falando em Manifesto Comunista, este pequeno livreto é um documento fundamental do movimento comunista, pois nele estão as ideias basilares do comunismo, além de uma análise sobre as formas de socialismo: reacionário, conservador e utópico. O documento foi feito por Marx e Engels, chamados de pais do socialismo científico e atores muito influentes no movimento comunista do século XIX.

O manifesto é uma crítica à maneira como foi organizada a sociedade em razão do capitalismo e possui várias opiniões contrárias à burguesia como classe social opressora, essencialmente quanto à composição da sociedade após a Revolução Industrial. O tratado discorre ainda sobre as diferenças entre as classes burguesa e o proletariado e a relação dos operários com os partidos da época.

Uma das metas do Manifesto Comunista é de mostrar que a classe trabalhadora pode se unir para modificar drasticamente a sua conjuntura de classe oprimida diante das ideias capitalistas da classe burguesa.

No Manifesto Comunista são sustentadas ideias como:

  • Exinção da propriedade privada;
  • Estado controlando os meios de produção;
  • Extinção dos direitos herança;

Quanto às críticas ao comunismo, pode-se citar que algumas deduções previstas pelos comunistas se mostraram equivocadas. Por exemplo, a real e crescente concentração de capital não eliminou a importante dinâmica das pequenas empresas. Outra é que a relevância do método de produção não deu maior relevância àqueles que nele trabalham, mas sim o crescente papel do setor em relação ao mercado. Tem também a consideração errônea de que os países mais avançados industrialmente seriam aquelas que liderariam a revolução socialista, assim como um equívoco achar que apenas os operários industriais seriam a força motora dos revolucionários.

O surgimento dos partidos comunistas

No começo do século XX vários partidos comunistas começaram a se destacar e o comunismo passou a ficar mais em voga. Os comunistas demonstraram enorme combatividade em revoluções e levantes na Alemanha, Hungria e Áustria em 1918. Entre 1917 e 1921 foram idealizados praticamente todos os partidos comunistas que foram importantes ao longo da história. Confira a seguir:

  • Partido Comunista Alemão (final de 1918 e começo de 1919),
  • Partido Comunista da Indonésia (1920),
  • Partido Comunista da França (1920),
  • Partido Comunista Chinês (1921),
  • Partido Comunista Italiano (1921).

Nos dias atuais, não há no mundo comunista a mesma centralização partidária que existia nos anos 1930 e 1940, em que a União Soviética tinha a tutela do partido e a autorizava o funcionamento do partido comunista vinculado ao “Partidão” em Moscou, capital da Rússia. Atualmente, os partidos comunistas não são mais a força política mais revolucionária.

Países comunistas nos dias atuais

Atualmente existem alguns países que são classificados como comunistas. É o caso da China, de Cuba, da Coreia do Norte e do Vietnã. Porém, é fundamental ter claro que o comunismo praticado nesses Estados não corresponde na íntegra ao comunismo indicado pela teoria de sua doutrina. Em grande parte dos países os ideais que constam no comunismo acabaram sendo implantados de forma adaptada às caraterísticas do capitalismo contemporâneo.

Os elementos mais importantes da doutrina comunista nessas nações estão relacionados às políticas econômicas e à capacidade de produção. Cuba, por exemplo, é um país que na prática se aproximou bastante da totalidade da doutrina comunista.

Comunismo no Brasil

O comunismo no Brasil veio à baila do crescimento do movimento comunista internacional após a Revolução Comunista na União Soviética, em 1917, e de outros países que entraram em conflito devido às classes trabalhadoras que tentaram tomar o poder em outras praças, animadas com o sucesso dos russos.

Sendo assim, o Partido Comunista do Brasil foi fundado em março de 1922 no Rio de Janeiro, tendo sido de grande importância para o país, pois a partir dele nasceram outros partidos que ajudaram a dar uma nova cara à política brasileira.

Até 1935, o Partido Comunista do Brasil precisou lutar para se firmar, ante o anarquismo pela liderança sindical. Outra curiosidade é que, por muito tempo, o Partido Comunista foi proibido de funcionar no Brasil, fazendo com que ele existisse de forma clandestina. Dessa forma, o Bloco Operário Camponês foi gestado para poder permitir que os comunistas participassem das eleições.

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