Paradoxo é um conceito oriundo do latim “paradoxum” e também do grego “paradoxos”, formado pelo prefixo para (que significa contrário ou oposto) e o sufixo doxa (que quer dizer opinião). Portanto, a tradução literal do termo seria “contrário a opinião”, mas essa tradução pode esconder algumas ciladas. Paradoxo é o oposto de uma opinião ou ideia que é tida como verdadeira, uma ausência completa de nexo ou lógica.
O significado mais conhecido de paradoxo é o seu conceito de que é uma ideia lógica cuja mensagem contradiz a sua própria forma. Por exemplo: “É dando que se recebe” ou, como bem definiu Luís Fernando Veríssimo, “Se você tentou falhar e conseguiu você descobriu o que é paradoxo”.
A filosofia é a ciência que tem feito melhor uso do paradoxo para avançar seus conhecimentos, especialmente por causa dos filósofos estóicos, que utilizam o paradoxo para determinar aquilo que é contraditório a primeira vista, mas que tem sentido depois de uma análise mais aprofundada.
Assim, existem três tipos de paradoxos dentro da filosofia: os paradoxos verídicos, que produzem conclusões que podem ser consideradas excêntricas ou absurdas, embora essa conclusão seja um resultado verdadeiro.
Figura de Linguagem
Paradoxo é, assim como a antítese ou metáfora, uma figura de linguagem da Língua Portuguesa. Como figura de linguagem ou estilo de linguagem, o parodoxo consiste no uso de palavras que, mesmo contrárias nos seus significados, acabam entrando numa mesma frase que, aparentemente, gera uma conclusão verdadeira, mas que leva a uma contradição lógica ou que vai contra o sem comum.
Alguns exemplos de frases que usam o paradoxo como estilo de linguagem são as seguintes:
• O nada é tudo;
• Morte é vida;
• O único sentido oculto das coisas é não terem sentido oculto nenhum;
• Quanto mais comia, mais sentia fome.
É importante ressaltar que há uma diferença sutil, mas relevante, entre paradoxo e antítese enquanto figuras de linguagem. O paradoxo é a sobreposição de duas ideias opostas e impossíveis de trabalhar juntas numa mesma conclusão; já a antítese é a apresentação de duas ideias opostas e não relacionadas.
Por exemplo:
• Paradoxo: “Eu sou um velho moço” – é impossível ser velho e moço ao mesmo tempo;
• Antítese: “Eu sou um velho, você é um moço” – são duas ideias opostas (“velho” e “moço”), mas que não se impossibilitam (uma pessoa ser velha não impossibilita a outra de ser jovem).
Paradoxo de Zenão
O filósofo Zenão é um dos mais importantes oriundos da Grécia Antiga pelas suas colaborações para com a filosofia contemporânea, incluindo aí o paradoxo de Zenão.
Com o objetivo de desacreditar a ideia de movimento contínuo, o paradoxo de Zenão mais conhecido é o da corrida entre Aquiles e uma tartaruga. Nesse paradoxo, vemos que a tartaruga começa a corrida com uma vantagem em relação a Aquiles e, portanto, nunca poderia ser ultrapassada. Por exemplo: imagine que a tartaruga começa a corrida com 1000 metros de distância de Aquiles. Quando o herói grego completar seu primeiro quilômetro corrido, a tartaruga teria andado mais 100 metros. Quando Aquiles chegasse a esses outros 100 metros, ela teria se adiantado em mais 10 metros. E então mais 1 metro e mais 10 centímetros e por aí vai infinitamente com distâncias infinitamente mais curtas.
É importante entender esse paradoxo em termos conceituais e filosóficos, já que na “vida real” Aquiles teria ultrapassado a tartaruga por se mover em uma distância maior do que a tartaruga.
O que é importante ter em mente é que, conceitualmente, cada vez que Aquiles se movimentasse para chegar até o ponto em que a tartaruga estava; ela teria tempo de andar mais um pouco, mesmo que a distâncias cada vez mais curtas.
Paradoxo Temporal
Um paradoxo muito famoso e usado normalmente como exemplo de paradoxo é o famigerado Paradoxo do Avô, um dos exemplos de paradoxos temporais, uma vertente de paradoxos que, hoje, é mais fruto de ficções científicas do que da Ciência propriamente dita.
No caso do Paradoxo do Avô, uma pessoa viaja para o passado na tentativa de assassinar o seu próprio avô paterno, antes que ele seja capaz de conceber o seu pai.
Assim, o pai do viajante temporal nunca teria nascido e, portanto, o próprio viajante nunca teria tido a possibilidade de nascer. Se o viajante temporal nunca nasceu, então como é possível que ele tenha voltado no tempo para poder matar seu avô?
O paradoxo temporal é interessante especialmente em termos de reflexão e debate, mas não parece muito válido do ponto de vista científico, já que muitos cientistas desvalidam o Paradoxo do Avô seguindo a ideia de que o tempo é apenas outra dimensão (como a altura, largura ou profundidade) e que, um pedaço de materia que tivesse viajado nessa dimensão (ou seja, o viajante temporal) não seria afetado pelas suas ações no passado. Ou seja, o viajante do tempo poderia matar seu avô e isso não significaria que ele criaria um paradoxo já que ele já nasceu, seu passado já existiu e, portanto, não pode ser alterado. Basicamente, o que acontece é que quando o viajante no tempo volta para o passado, ele se desliga da linha temporal atual criando uma nova linha temporal (onde o “futuro” é na verdade seu passado e o “passado” é seu futuro) ficando imune às consequências temporais criadas pelas suas ações no passado.