Senso é uma palavra proveniente do latim sensus, que tem o significado de percepção, de sentimento, e comum vem de communis, comunidade, grupo de pessoas com interesses similares.
As palavras não tiveram muita alteração através dos tempos, fazendo com que a expressão senso comum tenha o sentido de forma de pensar da maior parte dos indivíduos, ou seja, noções que normalmente são admitidas pelas pessoas, o que nos leva a perceber que o senso comum é o conjunto de conhecimento adquirido por uma comunidade através de experiências, de observações do cotidiano e de vivências.
Constatamos, portanto, que o senso comum é caracterizado pelos pensamentos empíricos acumulados no decorrer do tempo por um grupo de indivíduos e passados de geração em geração, não sendo um conhecimento baseado em técnicas ou conclusões científicas, e sim mais apropriadamente, à maneira espontânea de assimilação de informações e conhecimentos baseados no cotidiano.
Consideramos, portanto, que o senso comum é a herança cultural de uma comunidade, tendo a função de orientar cada indivíduo com relação à sua sobrevivência em todos os aspectos.
Uma criança começa a compreender o que é perigoso através do senso comum: como pode garantir sua segurança, o que pode ou não comer, o que é justo e injusto no relacionamento com os outros, o conhecimento do bem e do mal e todas as normas que regulam a vida, direcionando seu modo de pensar e de agir e fazendo com que tome as atitudes e as decisões mais acertadas.
Como exemplo de senso comum, podemos nos referir aos ditados populares, que são frases que funcionam com verdades incontestáveis, como por exemplo, “é com os olhos que o dono engorda os porcos”, o que nos transmite que só temos resultado com nossos ideais quando estamos cuidando diretamente deles.
Senso comum e senso crítico
O senso crítico, ao contrário do senso comum, que se baseia no conhecimento empírico, é baseado na crítica, no estudo, na reflexão e nos resultados de pesquisas, baseado no conhecimento adquirido e analisado com a capacidade intelectual, chegando-se a uma conclusão científica do assunto.
Senso comum e filosofia
A filosofia entende o senso como a capacidade de sentir e de julgar a partir das sensações. Há uma consistência no senso comum filosófico, desde a sua primeira citação, nos escritos deixados pelo filósofo grego Aristóteles, que considerava como senso comum como a capacidade de sentir as coisas de um forma geral, possuindo duas funções básicas: compor a consciência da sensação, ou seja, o “sentir do sentir”, e também o ato de apreender as sensações comuns a vários sentidos.
Sêneca, escritor clássico latino, considerava o senso comum como o modo comum de viver ou de falar, fazendo com que seja ele, senso comum, o objetivo da filosofia. O conceito é complementado por Vico, filósofo político do século XVIII, que afirma que o senso comum é um juízo sem reflexão, compartilhado por todo o gênero humano e utilizado como base para tomada de decisões. Para Reid, filósofo escocês também do século XVIII, o senso comum é tudo em que o homem acredita e o que deve ser usado para resolver qualquer dúvida filosófica.
O conceito atual de senso comum é atribuído ao filósofo John Dewey (século XX), que define o senso comum como um sistema formado por técnicas, tradições, interesses e instituições criadas e mantidas dentro de um grupo social, que não possui qualquer sentido fora desse grupo, possuindo um caráter mais prático do que intelectual e que diz respeito à interação entre as pessoas de uma comunidade em relação ao ambiente em que vivem.
Senso comum e ciência
A ciência é vista como um conjunto de conhecimento sistemático, de forma organizada, estabelecido através estudos, teorias e observações científicas, de forma coerente, comunicando-se e reafirmando-se entre si. O conhecimento científico é o alicerce da ciência, que deve comprovar todas as suas proposições, teorias e hipóteses, comprovando-as através de uma série de experiências que podem ser repetidas e de análises.
Assim, o senso comum é diferente da ciência, já que não possui qualquer tipo de organização ou de investigação para se chegar à conclusão, bastando a constatação de algo para fazer parte do que uma comunidade entende como certo ou errado.