Xangô é um termo proveniente da língua ioruba de origem nígero-cangolesa. Ele é uma entidade muito venerada nas religiões afro-brasileiras, tido como o deus da justiça, dos trovões e do fogo. Xangô é considerado o defensor dos fracos que sempre castiga os falsos e mentirosos.
Xangô é uma palavra de origem iorubá, em que seu prefixo “Xa” quer dizer “senhor” e seu sufixo “angô” (AG + NO = “fogo oculto”) e “Gô”, o equivalente a “raio” ou “alma”. Sendo assim, “Xangô” traduz-se como “senhor do fogo oculto.”
Xangô era muito másculo, viril, esnobe e justiceiro. Gostava do poder e é do poder que ele fazia nascer e morrer. Gostava de controlar e intimidar o seu reino e inclusive o reino de seus vizinhos. Seu poder era conquistado pela força, pela violência e opressão. Seu senso de justiça era muito aguçado.
Apesar de ser um tirano, em determinados momentos, ele sabia quando era necessário ser bom e carismático para todos aqueles que o cercavam. Tendo sempre uma postura honesta e justa, apesar de toda crueldade que poderia ter contra seus inimigos, era um ser muito amado e idolatrado pelo seu povo, devido seu senso de justiça, sabedoria e poder.
Podemos compará-lo a outras entidades de diferentes povos e culturas, como os seguintes deuses e seres mitológicos: Zeus o deus grego, Tupã deus da cultura tupi-guarani, Júpiter um deus da cultura romana ou Odin deus dos povos de origem escandinava.
Tendo como elemento o fogo e as formações rochosas, ele usava um saiote com as cores vermelho, branco e marrom, que era símbolo do candomblé e que representam os Eguns. Foi casado por três vezes, sendo sua primeira esposa Iansã, com quem dividia o poder do fogo.
Sua segunda esposa Oxum, foi a mais amada de todas, chegando a chorar por causa de seu grande amor por ela. Sua terceira e última esposa foi Obá que largou tudo para viver em função de Xangô e para demonstrar tal sentimento foi capaz de mutilar o próprio corpo para demonstrar a ele sua devoção.
Ele também carregava consigo o “Machado de Xangô” ou Oxé, que o representava. São machados duplos que contêm duas lâminas e eram entalhados em madeira ou aço. Esses machados representavam sua alma e vocação de guerreiro.
Xangô foi uma de muitas outras divindades trazidas ao Brasil pelos povos africanos. Isso acabou gerando uma associação religiosa entre os santos do catolicismo e os orixás da cultura africana, essa prática ficou conhecida como sincretismo religioso.
Dentre esses sincretismos podemos associar os seguintes orixás aos seguintes santos:
- Oxalá é Jesus Cristo.
- Xangô é São Jerônimo.
- Oxum está associado a Nossa Senhora Aparecida.
- Oxumaré a São Bartolomeu.
- Obá é Santa Joana D’arc (poderosa e agressiva, mas ao mesmo tempo ingênua e muito feminina).
- Ogum é São Jorge.
- Iansã é Santa Bárbara.
- Iemanjá está associada a Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora da Glória e Nossa Senhora dos Navegantes.
- Nanã é Santa Ana.
- Obaluaê é São Lázaro.
- Omulu é São Roque.
Essa associação foi feita para que os escravos pudessem continuar cultuando seus orixás, pois eram proibidos pela igreja católica de manifestar seus ritos e cultos.